quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A tragédia em Angra dos Reis - reflexões e aprendizados

A tragédia em Angra dos Reis - reflexões e aprendizados

De; Sylvia Chada

A destruição e as mortes provocadas pelas chuvas de final de ano em Angra dos Reis nos obriga a uma reflexão profunda sobre os caminhos do des-envolvimento imposto à região. Angra dos Reis, em seu território coberto em boa parte pela exuberância da Mata Atlântica, abriga hoje uma população de mais de 150.000 habitantes e cresce em ritmo acelerado, a reboque de grandes investimentos públicos. O município tem um dos maiores orçamentos do estado. A indústria naval, impulsionada pelo pré-sal, e a construção de Angra 3, são focos de atração de mão-de-obra, que na maior parte das vezes acaba se fixando no município e aumentando a densidade de ocupação das encostas. Para além do cumprimento da legislação ambiental (Código Florestal, lembram-se? Áreas de Preservação Permanente – beira de rio, topos de morros, encostas com mais de 45°? Aquela lei, que existe desde 1930, foi revisto em 1965 e hoje o Congresso Nacional teima em destruir...), há que se avaliar, com responsabilidade e senso crítico, políticas públicas que induzem o crescimento populacional em uma região com tão grande fragilidade ambiental. Estabelecer por decreto uso e ocupação do solo adequado frente a toda uma política de “crescimento” a qualquer custo, revela-se um contra-senso inócuo e agora, trágico.

Por outro lado, a constância dos desastres naturais nesta região – tanto em áreas ocupadas com construções quanto em áreas com a sua cobertura florestal absolutamente preservada – deveria gerar aprendizados para a população e para seus gestores públicos. A constituição nos ensina que a responsabilidade pelo meio ambiente equilibrado é tanto do poder público quanto da coletividade. Manter viva a nossa memória, contar as histórias, organizar os registros, criar memoriais, podem contribuir para que estas áreas não sejam novamente ocupadas daqui a pouco, quando os holofotes da mídia estiverem se ocupando com outra desgraça qualquer. Transformar todas estas áreas em unidades de conservação de proteção integral é outra medida necessária. Um amplo programa de habitação sustentável precisa ser construído, com participação da população.

Para além do des-envolver, o importante, mais do que nunca, é envolver-se. Só com envolvimento é que poderemos enfrentar o desafio de equilibrarmos sociedade, economia, desenvolvimento humano (este é o que interessa!) e natureza, desenhando um futuro melhor para todos nós.

Sylvia de Souza Chada

Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

2 comentários:

  1. Divulgue e participe, é urgente.....
    Dia 16 de julho, todos de verde e amarelo para demonstrar nossa cidadania e a defesa de nosso país.

    Vamos mostrar que este país está unido, não somente pelo futebol, mas acima de tudo pela defesa do nosso maior patrimônio: o Brasil.

    Somos brasileiros com muito orgulho, e precisamos dar um basta nestas tragédias ambientais que a mídia transmite, nós assistimos e não fazemos nada.

    Chega, é hora de agir! Diga não ao retrocesso da legislação ambiental brasileira.

    Dia 16 de julho, todos de verde e amarelo!!!!

    ResponderExcluir
  2. Pesquisando sobre a questão ambiental em Angra, por um acaso encontrei esta pagina, seria muito útil e interessante se a referida sociedade acima tivesse alguma atuação. essa ong já deixou de atuar a muito tempo em Angra. esse texto da senhora sapê de nada resolve. eles acabraram com o movimento ambiental de Angra.

    ResponderExcluir